afro

Curso de extensão da FH em parceria com a Secretaria Municipal de Educação

Em 19/09/13 17:47. Atualizada em 06/01/14 11:31.

Metodologia da educação histórica no estudo da cultura afro-brasileira. Confira a programação

METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO HISTÓRICA NO ESTUDO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA


ÁREA: Disciplina HISTÓRIA
CH 60 aulas (40 presencias, 20 não presenciais)
CALENDÁRIO: 28 de agosto, 11 e 25 de setembro, 9 e 23 de outubro, 6 e 20 de novembro, 4, 11 e 18 de dezembro de 2013
Horário: 7h;30min. às 11h;30min.
Professores: Maria da Conceição Silva – Profa. FH/UFG, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt - FH/UFPR, Rafael Teixeira Saddi - FH/UFG, Ricardo Pirola - FH/UFG


JUSTIFICATIVA

O curso tem por objetivo propor algumas possibilidades didáticas e metodológicas para os estudos da cultura afro brasileira e africana em escolas da rede municipal de Goiânia. E, dessa forma, atender as demandas escolares para a execução das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que implantam o estudo da cultura afro-brasileira e africana no Brasil. A meta é desenvolver um Curso com abordagens didáticas que auxiliem a análise e o ensino da temática, observando a importância do ensinar e aprender a partir de metodologias e fontes documentais acessíveis tanto aos professores quanto aos alunos. Considera-se, ainda, a proposta de elaboração de materiais para aulas.
O objetivo deste curso é atender as demandas do ensino da cultura afro brasileira, ajuizando os limites, problemas e desafios que, atualmente, se defrontam os professores da rede municipal de Goiânia. A tarefa de ensinar perpassa as dificuldades que são enfrentadas no dia-a-dia das escolas, como a necessidade de continuidade de formação teórica e prática, de preparação de recursos e materiais didáticos para o ensino das temáticas históricas da África e do Brasil. Por isso, é importante ater-se aos debates sobre experiências positivas desenvolvidas em escolas brasileiras, sobre o trabalho escolar e, assim, buscar metodologias e fontes, que despertam interesses pela aprendizagem histórica.

EMENTA

Estudos da história da cultura afro-brasileira e africana. Oficinas temáticas com documentos para o desenvolvimento de metodologias e pesquisas sobre o ensino de história. Produção de materiais de ensino e aprendizagem para aulas de História.

OBJETIVO GERAL
Identificar os pressupostos teóricos e metodológicos de estudos da história da África e do Brasil como princípio norteado pela Didática da história.

OBJETIVOS GERAIS
Analisar metodologias da Educação histórica para aulas de temáticas diversas sobre a Cultura Afro-brasileira.
Identificar a especificidade das fontes de ensino e pesquisa em Educação histórica para a História da Cultura afro-brasileira.

MÓDULOS - OFICINAS TEMÁTICAS: 40 h/a
ESTUDOS NÃO PRESENCIAIS: 20 h/a

MÓDULO I- ESTUDOS DOS TEMAS DA CULTURA AFRO BRASILEIRA

Oficina I- A FORMAÇÃO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Tema 1: a) Introdução aos estudos da cultura afro-brasileira
b) Historicizando o conceito de cultura negra
c) A cultura negra e a identidade nacional
d) A cultura africana na historiografia brasileira

Objetivos: O objetivo da primeira aula é discutir o conceito de cultura, em especial, a formação de uma cultura afro-brasileira dentro da experiência da escravidão. Iremos analisar de que maneira a ideia de cultura negra esteve ligada à temática da construção de uma identidade nacional, marcada por uma visão historicamente datada a respeito da contribuição de três grupos culturais distintos (africanos, índios e europeus). Apresentaremos ainda um panorama a respeito da forma pela qual as temáticas África e a cultura afro-brasileira estão sendo discutidas pela historiografia recente.

Procedimentos didáticos:
• Primeira parte: aula expositiva a respeito do conceito de cultura afro-brasileira, da formação da identidade nacional e o lugar de tais temáticas dentro da historiografia da escravidão.
• Segunda parte: Discussão do texto: Martha Abreu e Hebe Mattos “Em torno das ‘diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e a africana’: uma conversa com historiadores”, in: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol, 21, n. 41, jan-jun de 2008, pp. 5-20.

Bibliografia Complementar
MAMIGONIAN, Beatriz Gallotti. África no Brasil: mapa de uma área em expansão. Topói, 9, 2004, p. 33-53.
MINTZ, Sidney W.; PRICE, Richard. O nascimento da cultura afro-americana: uma perspectiva antropológica. Rio de Janeiro: Pallas: Universidade Candido Mendes, 2003.

Oficina 2 – Tema: O tráfico e o mundo atlântico
• O funcionamento do tráfico de escravos
• As “nações africanas” e a formação de identidades étnico-raciais
• A construção do Atlântico negro

Objetivos: O objetivo da aula-oficina 2 é analisar o funcionamento do tráfico Atlântico de escravos tanto a partir de uma perspectiva demográfica e econômica como também do ponto de vista de suas implicações socioculturais. Nesse sentido, serão apresentados dados a respeito do volume e rotas de escravos comercializados como ainda faremos uma análise a respeito do papel do Atlântico Sul e do tráfico como um cenário favorável a trocas culturais e reconfigurações de novas identidades e tradições. Darei especial atenção para os processos de criação das chamadas “nações” africanas no contexto da escravidão.
Procedimentos didáticos
• Primeira parte: aula expositiva a respeito do funcionamento do tráfico Atlântico e das reconfigurações culturais afro-brasileiras no contexto da escravização de africanos.
• Segunda parte: Discussão do texto: Mary Karasch, A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850), São Paulo: Companhia das Letras, pp. 41-66.

Bibliografia Complementar:
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
FLORENTINO, Manolo. Em costas Negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34/Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de estudos Afro-Asiáticos, 2001.
GOMES, Flávio dos Santos; FARIAS, Juliana Barreto; SOARES, Carlos Eugênio Libano; Reinventando as nações: africanos e grupos de procedência no Rio de Janeiro. In: No labirinto das nações: africanos e identidades no Rio de Janeiro, século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005, p. 19-64.
REIS, João José. Raízes: razões étnicas em 1835. In: Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p.307-319.

Oficina 3 – Tema 2: Cultura, Identidade e Resistência
a) Quilombos e revoltas e o processo de formações identitárias
b) A revolta dos escravos malês (1835): cultura, classe e etnia
c) Palmares: novas abordagens e possibilidades de estudo

Objetivos: Pretende-se nessa aula-oficina analisar os movimentos de rebeldia escrava e suas implicações étnico-culturais dentro do contexto da escravidão brasileira. Serão abordados os dois maiores exemplos da resistência escrava no Brasil: a revolta dos malês, na Bahia (1835), e o quilombo de Palmares (século XVII).

Procedimentos didáticos:
• Primeira parte: aula expositiva a respeito dos movimentos de rebeldia escrava e de suas implicações étnico-culturais.
• Segunda parte: Discussão dos texto: Flávio Gomes, “Palmares: escravidão e liberdade como poderia ter sido”. São Paulo: Contexto, 2005, pp. 73-116. João José Reis, Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, pp. 125-180.

Bibliografia Complementar
GOMES, Flávio dos Santos. Histórias de quilombolas: mocambos e comunidades de senzala no Rio de Janeiro, século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
PRICE, Richard. Palmares como poderia ter sido, In: REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
SCHWARTZ, Stuart. Repensando Palmares: resistência escrava na colônia. In: SCHWARTZ, Stuart; Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru, SP: Edusc, 2001, pp. 250-261.

Oficina 4 – Festas populares e religiosidade afro-americana
• As festas populares como um espaço de resistência e ressignificações culturais
• Análise de manifestações lúdicas e religiosas tais como jongos, calangos e folias.

Objetivos: No último encontro desse módulo estudaremos as festas populares como espaços privilegiados para a observação de trocas culturais e de ressignificações de tradições afro-brasileiras. Também abordaremos tais manifestações como símbolos de resistências no contexto da escravidão e pós-abolição. Especial atenção será dada às seguintes práticas culturais: jongos, calangos e folias.

Procedimentos didáticos
• Primeira parte: aula expositiva a respeito das festas populares como espaço privilegiado para a observação de trocas culturais e de resistência. Discussão do texto: Hebe Mattos & Martha Abreu "Jongo, registros de uma história" in: Silvia Hunold Lara & Gusto Pacheco (org), Memória do jongo: as gravações de Stanley Stein, Vassouras, 1949. Rio de Janeiro-Campinas: Folha Seca-Cecult, pp. 69-106.
• Segunda parte: Assistiremos e discutiremos o documentário “Jongos, calangos e folias”, de Martha Abreu e Hebe Mattos.

Bibliografia Complementar
ABREU, Martha. Império do divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Fapesp, 1999.

SLENES, Robert W. Eu venho de muito longe, eu venho cavando: jongueiros cumba na senzala centro-africana. In: LARA, Silvia Hunold; PACHECO, Gustavo. Memória do jongo: as gravações história de Stanley J. Stein. Rio de Janeiro: Folha Seca; Campinas, SP: Cecult, 2007, p.109-158.


MÓDULOS II - Didática da História e Educação Histórica

OFICINA 1 – Didática da História e Ensino de História

a) Didática da História: campo teórico da disciplina História
b) Educação histórica: ensino e pesquisa escolar

Objetivos
Identificar os pressupostos teóricos da Didática da história como campo específico para o ensino da História no Brasil e em outros países.

Analisar a metodologia da Educação histórica como proposta para o ensino da História.

Produzir e analisar fontes para pesquisa sobre temática de ensino da história da cultura afro-brasileira.

Procedimentos didáticos
• 1º. Passo: explicar a Didática da história e as suas perspectivas para o ensino da História, utilizando conceitos para a compreensão da área.
• 2º. Passo: explicar a partir de alguns exemplos o que é Educação histórica com sua metodologia de pesquisa para o ensino de História.
• 3º. Passo: Mostrar fontes de pesquisas da Educação histórica em Portugal e no Brasil, identificando possibilidades de investigar a cultura afro brasileira como conteúdo escolar.

Bibliografia
RÜSEN, Jörn. O Desenvolvimento da competência narrativa na aprendizagem histórica: uma hipótese ontogenética relativa à consciência moral. In: Jörn Rüsen e o Ensino de História. Organização: Maria Auxiliadora Schmidt, Isabel Barca, Estevão de Rezende Martins. Curitiba: UFPR, 2010, pp
SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos. Pesquisas em Educação Histórica: algumas experiências. Educar. Curitiba, Especial, p. 11-30, 2006.

OFICINA 2: A Narrativa Histórica e a função de orientação prática
• A narrativa do conhecimento histórico escolar: O que é? Como produzi-la?
• A história como função de orientação prática da vida.
• O sentido da história: as narrativas escolares.

OBJETIVOS
Entender a importância do conhecimento histórico como processo de orientação temporal.
Identificar a narrativa como processo do conhecimento histórico e fonte de pesquisa em Educação histórica.
Entender a aprendizagem escolar como cognição história situada a partir de fontes (produzidas pelos alunos a respeito da temática da cultura afro-brasileira).

Procedimentos didáticos
• 1º. Passo: explicar o que é uma narrativa como conhecimento escolar.
• 2º. Passo: apresentação para estudos de narrativas de alunos brasileiros e portugueses.
• 3º. Passo: compreender como e para que analisar narrativas de alunos como conhecimento histórico.

Bibliografia
SADDI, Rafael. EDUCAÇÃO HISTÓRICA COMO META-HERMENÊUTICA. In: BARCA, Isabel. Consciência Histórica na Era da Globalização. Atas das XI Jornadas Internacionais de Educação Histórica. Realizadas de 15 a 18 de Julho de 2011, Instituto de Educação da Universidade do Minho / Museu D. Diogo de Sousa, Braga/Pt, p. 541-554.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Cognição histórica situada: Que aprendizagem histórica é está? In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel. Aprender história: perspectivas da educação histórica. Ijuí/PR: Ed. Unijuí, p.21-51, 2009, v.3.

OFICINA 3 - Educação histórica: o método de estudos e pesquisa

a) Ensino da Cultura Afro brasileira: fontes de estudos em aulas de História
b) Fontes a ser coletadas em aulas de história.
c) Instrumental de coleta: elaborando exercícios de cognição histórica.

Procedimentos didáticos

1º. Passo: apresentar a importância da fonte de pesquisa em Educação histórica
2º. Passo: explicar a partir de fontes o que é pesquisa em educação histórica.
3º. Passo: exercício em dupla: elaboração de instrumental piloto para coleta de fonte.

Objeitvos


Bibliografia

BARCA, Isabel. Narrativas históricas de alunos em espaços lusófonos. In: BARCA, Isabel. Consciência Histórica na Era da Globalização. Atas das XI Jornadas Internacionais de Educação Histórica. Realizadas de 15 a 18 de Julho de 2011, Instituto de Educação da Universidade do Minho / Museu D. Diogo de Sousa, Braga/Pt, p.7-27.

CAINELLI, Marlene. Educação histórica: perspectivas de aprendizagem da história no ensino fundamental. Educar em Revista. Curitiba, Especial, p.57-72, 2006.

OFICINA 4: Educação Histórica e Ensino de História: interpretando e classificando as narrativas históricas de alunos

• Análise e interpretação das fontes coletadas.
• Comparar as ideias históricas dos alunos com a historiografia estudada sobre o tema.

Procedimentos didáticos

1º. Passo: Cada dupla - apresentar a fonte coletada (a respeito dos trabalhos desenvolvidos pelos professores do Curso de extensão com os alunos nas escolas sobre a temática cultura afro brasileira).
2º. Passo: como entender a fonte: aprendizagem escolar.


Bibliografia

RÜSEN, Jörn. História viva – Teoria da História III: Formas e funções do conhecimento histórico. Tradução de Estevão de Rezende Martins. Brasília: UNB, 2007a
SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Cognição histórica situada: Que aprendizagem histórica é está? In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel. Aprender história: perspectivas da educação histórica. Ijuí/PR: Ed. Unijuí, p.21-51, 2009, v.3.
SILVA, Maria da Conceição. A temática Religião na formação da consciência histórica de alunos brasileiros e portugueses. Anais das XII Jornadas de Educação histórica. Curitiba, 2012.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos. Pesquisas em Educação Histórica: algumas experiências. Educar. Curitiba, Especial, p. 11-30, 2006.

OFICINA 5: Educação Histórica e Material didático e Avaliação
• Elaboração de material didático a partir das fontes estudadas e coletadas em campo.


Procedimentos didáticos

1º. Passo: Escrita do texto didático sobre a fonte.
2º. Passo: Produção de material didático para aula.
3º. Passo: Avaliação didática

Objetivos

Bibliografia
SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos. Recriando históricas de Araucária, 2008.


OFICINA 6: Educação Histórica e Material didático e Avaliação
• Continuação dos trabalhos de elaboração de material didático a partir das fontes coletadas.
• Avaliação

Procedimentos didáticos

1º. Passo: Prosseguimento do trabalho de escrita do texto didático sobre a fonte.
2º. Passo: Produção de material didático para aula.
3º. Passo: Avaliação didática

Categorias: projeto de extensão