Semana de História 2013

XII Semana de História

Em 01/04/13 17:38. Atualizada em 05/07/13 14:46.

Será realizada, entre os dias 25 e 27 de junho de 2013, nas dependências da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás, a XII Semana de História, intitulada “Tempo, História e Mundo da Vida”

Ao privilegiarmos questões que envolvem o “tempo” como o tema deste evento, pensamos, primeiramente, no tempo concernente à Ciência Histórica: o tempo múltiplo e multifacetado, o tempo que não deve ser representado por uma linha reta constituída por uma sucessão de períodos e acontecimentos, mas por uma série de linhas contrapostas e intercruzadas. Pensamos, por consequência, no tempo como construção social e cultural de cada contexto, mas, sobretudo, no tempo como àquele responsável pela orientação e sentido do ser no mundo da vida, no mundo como ele é, no mundo prático.

A fim de representar este eixo temático, propomos a tela intitulada “Uma linha de ouro”, de John M. Strudwick, datada de 1885. Nesta obra, foram pintadas em óleo sobre tela as Moiras, as quais, na mitologia grega, eram três irmãs que representavam a personificação do destino de cada ser, destino este conduzido por um fio da vida que seria tecido até o seu rompimento. Temos Átropo, à direita, responsável pelo nascimento, o tecer inicial da vida; Cloto, ao centro, designada à puxar e desenrolar o fio da vida e, à esquerda, Láquesis, encarregada de cortar o mesmo fio. Regulavam, portanto, a duração da vida de cada ser, desde o nascimento até a morte.

Levando em consideração que, em diferentes contextos, em diferentes sociedades e em distintas culturas, o homem percebe a necessidade de lidar com o transcurso temporal, com a passagem do tempo, o qual culminará na morte. E, a fim de se estabelecer um sentido e orientação no mundo prático em que vive, constrói uma série de aparatos para se explicar e justificar o que acontece ou deixa de acontecer.

O destino - este aspecto constituinte da temporalidade para algumas sociedades, no caso das Moiras, que está ligado à cultura grega antiga – lida com um transcurso temporal em que passado – experiência advinda desde o nascimento – relaciona-se e choca-se com o futuro – carregado de expectativas -, e com o presente – carente de orientação. Para o homem, estas três temporalidades chocam-se e reenviam-se uma à outra, na intensa busca de significados e orientações para o agir do homem ao longo de sua existência.

De tal forma, a imagem das Moiras revela-se como uma cena original da temporalidade, representando, por Átropo, o tecer inicial da vida, o tempo do nascimento, do despertar; por Cloto o agora, tecido a cada instante e, por último, por Láquesis, encerrando as experiências e as possibilidades da vida, ou seja, ocasionando em seu ápice: a morte. No caso das Moiras, o destino previsto para o futuro está ligado diretamente ao desenrolar do fio da vida desde o passado até o presente. Da mesma forma, para o tempo da História, não existem expectativas sem experiências ou, ao contrário, experiências sem expectativas, uma vez que elas entrelaçam passado e futuro através do presente, haja vista que todos nós estamos presos em nosso tempo. Para tanto, cabe ao ofício do historiador apreender a História em sua própria historicidade, destinado a conhecer os seus limites e suas consequências. E, sobretudo, as Moiras nos remetem à ideia de que, dentro de cada contexto, a forma como o homem elabora sua concepção de tempo interfere em sua vida prática e, consequentemente, na forma como sua existência no mundo pode ser justificada e orientada.

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