Morte e memória no império romano à época do Principado (27 a.C.-192 d.C.)
Resumo: Esse projeto tem como objetivo compreender as relações entre morte e memória a partir dos túmulos e das procissões funerárias nos discursos textuais, em diálogo com os vestígios materiais, investigando o impacto da morte na corte romana nas dinastias Júlio-Cláudia, Flávia e Antonina. Para tanto, traçaremos algumas reflexões críticas acerca dos rituais mortuários, pois, tal como entendemos, os funerais transformavam-se em espetáculos de poder em todo o império. Torna-se, então, relevante analisar a procissão funerária e seu desenrolar no espaço urbano, pois, juntamente com seus integrantes, os símbolos e as insígnias incorporavam um cerimonial teatralizado, que colocava em cena o morto na estrutura de poder e sua posição nas gerações da família. Entretanto, devemos também nos concentrar nas dimensões mais particulares e emocionais da lembrança dos mortos, à medida que o túmulo poderia se tornar um espaço de peregrinação e reverência, uma casa ou santuário para os mortos e as associações dos mortos com as divindades e seus atributos, mantiveram não apenas o seu nome vivo, mas cumpriram as necessidades emocionais dos sobreviventes. A partir daí, traçaremos reflexões acerca dos comportamentos femininos aristocráticos em relação ao luto prolongado e, dessa forma, analisando a prática da uirtus, compreender a criação de normas de conduta feminina para a expressão pública da dor e a inserção de dimensões mais particulares e emocionais no modo como se lembravam dos mortos na corte imperial romana.
Coordenadora: Profa. Dra. Luciane Munhoz de Omena.